| Terra indígena, Amazonas (Cortesia de Eduardo Rizzo Guimarães) |
Manejo Florestal Sustentável (MFS) pode ser definido como uso da floresta para determinado fim,garantindo retorno econômico, benefício social e ganho ambiental da atividade. No mundo há cerca de 1,6 bilhões de hectares de florestas que são manejados de forma sustentável, segundo a Food and Agriculture Organization od United Nations (FAO), dados de 2010.
Em 12 anos de estudo, o engenheiro florestal Ederson Augusto Zanetti, consultor e
ex-pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), elencou
critérios e indicadores em 20 países para poder situar a Amazônia
brasileira no contexto mundial de MFS. Na tese finalizada em 2012, Ederson
concluiu que o Brasil, quando avaliado em sua totalidade, é o primeiro
país do mundo em avanço do MFS.
“[O setor florestal brasileiro] ele é o mais atrativo do mundo em
termos de investimento (…) esse setor tem avançado no Piauí, no
Maranhão, em Tocantins; são estados que têm desenvolvido programas
florestais de suporte à indústria, atração de investimento, geração de
emprego e renda e (…) atraem investimento do mundo inteiro”, explicou
Ederson.
Para a Amazônia brasileira, quando avaliada segundo os critérios e
indicadores do estudo, a classificação do MFS na região cai para 7ª
colocação. O consultor explica que o fato da legislação regional ser
mais rígida e as alternativas silviculturas de outras regiões do país
não poderem ser usadas na Amazônia causa exclusão social no processo de
gestão florestal. Além disso, Ederson aponta que as tecnologias
silviculturais na Amazônia são “arcaicas”.
“O corte seletivo com regeneração natural mina a produtividade da florestal, acaba com seu potencial genético”, diz Ederson.
A regeneração natural é uma forma de manejo florestal que seleciona
as árvores de certo diâmetro para corte visando o aproveitamento da
madeira. Entretanto, estas árvores são também fornecedoras de sementes e
promovem variabilidade genética para a floresta. Uma vez que são
retiradas, apenas algumas árvores maiores serão fornecedoras de sementes
e a variabilidade genética é reduzida.
“A gente observa o sucesso das florestas no mundo inteiro: a grande
maioria das plantações florestais é de espécies nativas”, argumenta.
No Brasil a grande maioria de plantações é de espécies introduzidas,
em sua maioria eucalipto e pinus. Estima-se que estas duas espécies são
plantadas em uma área de 6,5 milhões de hectares distribuídos em quase
todos os estados do país, segundo a Associação Brasileira dos Produtores
de Florestas Plantadas (ABRAF).
É importante salientar que Ederson não nega a importância do eucalipto
como abastecimento de madeira para energia e outras finalidades, como
polpa e papel, mas aponta que é preciso mais investimento em plantações
de florestas nativas no sentido de se chegar ao manejo florestal
sustentável no país.
Valorização socioeconômica na Amazônia
Segundo o estudo, o desenvolvimento do manejo sustentável da floresta
amazônica precisa incluir as pessoas. Não apenas o ambiente precisa ser
o foco, mas a geração de renda da população e inclusão social nas
políticas públicas é parte do processo para que a Amazônia se desenvolva
com o restante do país.
É prioritário o desenvolvimento da educação, saúde e saneamento básico na Amazônia, aponta Ederson.
“O principal problema [da Amazônia] é a exclusão social e econômica
da região. Não é que a gente não precise cuidar do meio ambiente, mas
esse cuidado ambiental já está muito bem feito. Precisa ter um cuidado
social e econômico agora”, afirma o engenheiro florestal.
Conforme vimos em capítulos anteriores,
o Índice de Desenvolvimento Humano da Amazônia profunda, onde as
pessoas vivem de desmates e queimadas, iguala-se aos piores do planeta.
Ederson afirma que é necessário um desenvolvimento do mercado e da economia com inclusão social para valorizar a floresta em pé.
“A principal pauta é gerar um mercado forte e estruturado com
inclusão socioeconômica nesse ambiente rico da Amazônia. A partir do
momento que se gera condições para que as pessoas consumam produtos que
venham das florestas tropicais de manejo sustentável e coloca-se esse
dinheiro em funcionamento (…), vai gerar um interesse na continuidade do
cultivo dessas florestas”, diz Ederson.
Mercados que valorizam a floresta em pé
Atualmente há um mercado que valoriza não apenas os produtos que
provém da floresta, como a madeira. É o mercado de serviços florestais,
que incluem a água, biodiversidade, carbono, entre outros.
“O maior mercado que existe hoje no mundo é o mercado de créditos de
água – projetos que vão garantir a qualidade de água no Brasil – isso é
muito importante na região da Amazônia (…). A biodiversidade é o segundo
maior mercado. O banco de biodiversidade de florestas tropicais da
Amazônia brasileira pode garantir um fornecimento de material genético
de grande qualidade no futuro. Esse é um dos pontos importantes da
gestão desse território”, diz Ederson.
O mercado do carbono é outro que, segundo Ederson, é importante, se
vinculado com as necessidades da sociedade e incentivo do mercado de
valorização da produção florestal.
“Simplesmente as estratégias de REDD
não vão trazer a solução necessária para implementar o desenvolvimento
do manejo sustentável. A produção madeireira tem que ser incentivada. O
consumo de madeira tem que ser incentivado e deve ser parte integrante
dessas políticas de redução de desmatamento. A redução de desmatamento
não é uma função de controle, mas é um incentivo para o mercado para
valorizar a produção florestal e permitir que ela se mantenha ativa”,
conclui.
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Este artigo faz parte do Especial Amazônia. Para conhecer os outros artigos, clique aqui.
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